D. João Lavrador apela à renovação das paróquias e à superação do ritualismo e do legalismo na vida eclesial

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Na celebração da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Bispo de Viana do Castelo, D. João Lavrador, afirmou que “a Igreja não pode viver fechada em ritos e normas, se quer ser espaço de acolhimento e transformação verdadeira”, apelando à renovação das comunidades paroquiais e frisando que o essencial da vida cristã se constrói nas relações de amor, confiança e comunhão. 

“Estamos a cair num ritualismo, num legalismo. E talvez não estejamos a atrair ninguém porque as nossas qualidades humanas e comunitárias já não convencem”, alertou, sublinhando a urgência de uma fé vivida “em profundidade e partilhada com autenticidade”.

Para D. João Lavrador, a fé não pode ser reduzida a uma sequência de obrigações religiosas, desligada da vida concreta e dos vínculos humanos. “Não atraímos ninguém com leis e ritos”, defendeu, salientando que, embora as normas tenham a sua importância, “só fazem sentido quando são expressão viva do amor de Deus renovado em Jesus Cristo”.

Durante a homilia, fez um apelo à conversão comunitária, que começa “com o coração de cada um”. “Com facilidade colocamo-nos mais ao lado da lei e dos ritos, da expressão das nossas opiniões e interesses, ao invés de vivermos uma experiência de amor, de entrega, de comunhão uns com os outros”, disse, alertando: “Precisamos de moldar o nosso coração porque dentro das comunidades ainda andamos em rivalidades, a dizer mal, a criticar e até a marginalizar. Falta-nos confiança.”

O Bispo diocesano recordou ainda que a Igreja deve ser “um espaço de relações transformadoras” e não apenas um lugar de práticas religiosas. “O que atrai aquele que está fora e o faz entrar? O amor. Ninguém é indiferente ao amor”, afirmou, reforçando: “Se não formos capazes de criar comunidades com vínculos fortes, com relações que acolhem e edificam, não estamos a cumprir a nossa missão. As nossas comunidades devem ser sinais vivos de reconciliação e entrega.”

Por fim, frisou que a mudança começa numa “caminhada interior”. “Temos de fazer esta caminhada continuamente. “A grande conversão e a grande revelação começam em nós — e transmitem-se aos outros”, concluiu.