Semana Santa marcada por apelos à vida em comunidade

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Semana Santa 2024D. João Lavrador convidou sacerdotes a serem “protagonistas de uma pastoral generativa”

A Semana Santa iniciou-se com o Domingo de Ramos. Na Quinta-feira Santa, a Sé Catedral de Viana do Castelo acolheu a Missa Crismal. Uma das principais manifestações de comunhão, que juntou o Bispo e os presbíteros da Diocese.

Na celebração de renovação das promessas sacerdotais, consagração do Crisma e bênção dos santos óleos, D. João Lavrador recordou o Evangelho, reconhecendo “a proximidade de Jesus de Nazaré” e “assumindo o quotidiano”. “Eis, caros sacerdotes, nós configurados a Cristo pelo Batismo e pela Ordenação Presbiteral; somos chamados a encontrar-nos com Jesus de Nazaré no nosso quotidiano, e reconhecer que nada da nossa vida Lhe é alheio. Mas também, no nosso ministério de Pastores, à imagem do Bom Pastor, somos convidados a entrar na vida simples do Povo de Deus que nos está confiado. Verdadeiramente, é esta comunhão em presbitério e com o Povo de Deus que se exige na vida e no ministério dos presbíteros”, afirmou, realçando “a proximidade de Jesus de Nazaré com a vida dos seus contemporâneos e o inserir-Se na promessa feita ao Seu Povo”.

O Bispo diocesano sublinhou a importância da renovação das promessas sacerdotais, frisando que “renovar, é ir à fonte para viver com novidade, como se fosse a primeira vez, para colher a mesma alegria, entusiasmo, força, comunhão e ardor missionário do dia da nossa ordenação. Imploro do Senhor que todos e cada um obtenha esta graça”. “Com o desgaste que a ação pastoral hoje sofre, e com a desmotivação que sempre nos invade, temos necessidade de percorrer os caminhos que nos levam diariamente até às fontes da alegria e da comunhão, mas igualmente sentimos a obrigação de aproveitar esta singular oportunidade para, em presbitério e sempre em presbitério, tornar nova a nossa ordenação sacerdotal e os seus dinamismos pastorais”, considerou, apelando para “uma correta compreensão do ministério sacerdotal”. “Nunca é demais meditarmos e deixarmo-nos maravilhar por esta realidade de sermos Ungidos no Batismo e na Ordenação pela imposição das mãos que nos configurou a Jesus Cristo, o Bom Pastor, e sermos por Ele enviados”, frisou, convidando os sacerdotes a situar-se “na verdade e profundidade que este gesto, hoje renovado, quer oferecer à nossa vida e ministério”. “Caríssimos sacerdotes: eu convosco, no propósito de fortalecer a comunhão presbiteral, sintamos que Jesus faz ressoar ainda hoje, no nosso coração de sacerdotes, as palavras que pronunciou na sinagoga de Nazaré. A nossa fé, a esperança que nos anima e a vontade de viver a comunhão presbiteral, de facto, revelam-nos a presença operante do Espírito de Cristo no nosso ser, no nosso agir e no nosso viver, tal como o configurou, habilitou e plasmou, o sacramento da Ordem”, acrescentou, exortando-os para a “corresponsabilidade” e “a cuidar da formação permanente”. A fidelidade a Cristo no ministério sacerdotal, a alegria, o estímulo, o verdadeiro discernimento pastoral e a criatividade que hoje se exige, apelam para a formação permanente, entendida como formação integral da pessoa do sacerdote.

Por fim, convidou-os, assim como o Papa Francisco, “a ser protagonistas de uma pastoral generativa”. “Que, ao renovarmos as nossas promessas sacerdotais, imploremos do Bom Pastor que nos torne verdadeiramente testemunhas, na alegria e na esperança, da beleza do sacerdócio de modo que seja abertura de caminho vocacional para os jovens da nossa Diocese”, terminou.

D. João Lavrador afirmou, na celebração do Lava-Pés, que “a Eucaristia implica a comunidade”

D. João Lavrador presidiu à celebração da Ceia do Senhor, que decorreu na Sé Catedral, na Quinta-feira Santa, no Arciprestado de Viana do Castelo, convidando os fiéis a guiar-se pelo Espírito iluminador, transformador e renovador que é Jesus Cristo.

Na homilia, o Bispo diocesano começou por salientar a importância da Eucaristia que “é fundamental e imprescindível”, não só para a vida de um cristão, mas, sobretudo, para a vida em comunidade. “A Eucaristia implica a comunidade, mas também a comunidade se implica na Eucaristia”, afirmou, apelando à renovação dos “dinamismos” e da “força da Eucaristia”, e convidando os fiéis a ir “à fonte”, que é Jesus Cristo. “Um Jesus Cristo vivido, experienciado e professado. Cristo que já é vivido e reconhecido numa comunidade”, frisou, referindo que as comunidades descritas por Paulo e João se complementam “na forma pela qual vão apreender, aprofundar e propor esse dinamismo interno da Eucaristia”. “Também somos uma comunidade diferente, mas queremos viver a Páscoa do Senhor”, reforçou.

D. João Lavrador lembrou que “a Eucaristia desperta a comunidade para a sua missão”, impulsionando-a para “ir ao encontro dos irmãos” e “testemunhar a boa notícia que Ele é”. “É fundamental para esta consciência vigilante de quem se desprende de tudo, porque há algo que interessa na vida de Cristo. É o encontro com o Mestre”, apelou, recordando o que apreendeu João na última ceia do Senhor. “Ele reconheceu que toda a vida de Cristo culmina e converge nesta hora”, acrescentou, convidando os fiéis a ter “cuidado e atenção” para “convergir tudo à Eucaristia”. “A Eucaristia é a manifestação do amor infinito e, quando comungamos, comungamo-Lo no Seu amor”, referiu, defendendo que “é preciso criar condições para estar com Jesus Cristo e deixar-se limpar e transformar”. “Hoje, Cristo quer lavar-nos. Quer tornar próprio e capaz de integrar uma comunidade para apreciar o Seu amor”, sublinhou.

No final, o Bispo fez como Jesus Cristo, e lavou os pés a vários leigos que participavam na celebração. “Ser Igreja e viver a Eucaristia, é sentir que se é servidor, que todos somos chamados a participar ativamente”, disse, terminando: “Utilizar os nossos dons em prol da comunidade e da humanidade, em que a missão é partilhada com todos. Ou seja, uma comunidade que sintoniza com o mesmo objetivo: a partilha de Cristo.”

D. João Lavrador salientou que, através da sua morte, Jesus Cristo ajuda “a reconhecer a pertença de uma humanidade”

A Diocese de Viana do Castelo assinalou a Sexta-feira Santa com o Ofício de Leituras e Laudes e a celebração da Paixão do Senhor, na Sé Catedral, terminando com a Via-Sacra, que decorreu no Santuário de Nossa Senhora d’Agonia.

Dezenas de pessoas participaram na celebração da Paixão do Senhor, que foi presidida por D. João Lavrador. “Este dia coloca-se entre a grande expressão da alegria do Ressuscitado e aquele mistério em que Jesus Cristo Se entrega”, começou por referir.

Na homilia, apelou a uma “entrega interior” para que o Senhor ilumine. “A única compreensão está aqui. Toca também a nossa existência, que só pode ser lida a partir do amor”, afirmou, recordando que a morte de Jesus Cristo se solidariza com “todos aqueles que gritam, perante Deus, para que os liberte das situações de maldade e de pecado que se projeta na vida dos homens”. “Nós temos o verdadeiro sumo-sacerdote, que Se entrega e Se dá, conhecendo até ao íntimo tudo o que é a realidade humana. E é aqui que brota o sentido da confiança e a expressão do amor”, disse.

O Bispo diocesano salientou ainda que “o ministério de Jesus Cristo é vivido no batizado”. “Com a Sua morte, Jesus Cristo ajuda-nos a reconhecer a pertença de uma humanidade”, afirmou, frisando que “Ele quer assumir-Se presente” na vida de todos. “Quem se entregar no amor, dará frutos”, lembrou, enaltecendo “a esperança” na Palavra de Jesus Cristo, “que se concretiza”. “Esta nova humanidade. Esta nova criação é possível. É real, porque Jesus Cristo Se entrega para que tal aconteça”, assegura.

Por fim, apelou ao contributo de todos para “entrega total”, encontrando-O e testemunhando-O aos outros. “Nós acreditamos que a Palavra de Jesus Cristo se concretiza e, por isso, sabemos que, amanhã, Ele ressuscitará”, disse.

Santuário de Nossa Senhora d’Agonia acolheu Via-Sacra

A Equipa Arciprestal de Viana do Castelo da Pastoral Juvenil, promoveu a tradicional Via Sacra, que decorreu no Santuário de Nossa Senhora d’Agonia, devido à chuva.

A iniciativa contou com a presença do Bispo diocesano, D. João Lavrador, que deixou uma mensagem aos jovens, frisando que “olhar para Cristo traz uma vontade divina que se expressa essencialmente do amor”. “Jesus Cristo lança o repto aos jovens porque sabe que vai despertar neles a audácia, os sonhos, a força e o desprendimento”, afirmou, lembrando que Jesus, através dos jovens, é incentivado a desafiar todos os Seus discípulos.

D. João Lavrador recordou o Papa São João Paulo II, convidando os jovens a ser “aliados de Cristo”. “Quem é que se aventura à construção de uma nova humanidade que não pode ter outra realeza que não Jesus Cristo, que é a realeza do amor?”, questionou, salientando: “Vamos assumir todos, a partir dos vossos sonhos, uma Igreja em comunidade, verdadeiramente à imagem de Jesus Cristo”.

Cerca de uma dezena de catecúmenos concluíram caminhada de iniciação cristã na Vigília Pascal

D. João Lavrador presidiu ao ponto culminante de todo o Ano Litúrgico: a Vigília Pascal. A celebração decorreu na Sé Catedral, em Viana do Castelo, e contou com a presença de dezenas de fiéis.

Partindo do Evangelho, o Bispo diocesano questionou a assembleia se tinham curiosidade em procurar Jesus de Nazaré, convidando-os à experiência do Ressuscitado.

“Somos convidados a recolocarmo-nos na nossa realidade de batizados e, por isso, esta noite evidenciam-se todos os sinais batismais”, relembrou, sublinhando a água batismal, que “tem a capacidade de dar uma vida nova de filiação divina e de integração comunitária”. “Esta é, também, a noite da luz. O ser humano precisa de luz para se reconhecer a si próprio, o seu projeto, aquilo que é chamado a viver e ressituar na sua própria vida, vivendo-a em plenitude”, acrescentou.

No final, uma dezena de catecúmenos concluíram a sua caminhada de iniciação cristã e receberam os vários Sacramentos. “A partir do nosso Batismo, fazemos a experiência, em Cristo, deste reatar e desta comunhão na relação com Deus e com os outros”, reforçou, apelando para que se reconheçam filhos de Deus. “Deus é verdadeiramente o Pai que ama e, por isso, nesta noite, o amor impera”, frisou.

D. João Lavrador convida ao testemunho e proclamação de Jesus Cristo

A Semana Santa culminou com a celebração do Domingo de Páscoa, que foi presidida por D. João Lavrador, na Sé Catedral, em Viana do Castelo.

Na homilia, D. João Lavrador começou por afirmar que “Jesus Cristo ressuscitou”, entendendo o momento como algo “único”. “A nossa glória é fazermos a experiência de Jesus Cristo, assumindo o desejo e colocando-nos em caminho para nos encontrarmos com Ele, para que esta manifestação não fique no passado, porque é uma realidade permanente na vida dos crentes”, referiu, salientando que “todos são chamados a descobrir, nos sinais, a presença de Cristo vivo”.

D. João Lavrador falou ainda de “uma realidade do amor, que é comunhão” e “que projeta luz sobre onde o próprio raciocínio frio não consegue chegar”. “Temos de deixar que esta relação íntima com Cristo faça despontar esta luz nova, a que chamamos Espírito”, apelou, frisando a importância do encontro com Jesus. “A ressurreição leva-nos à revelação de Jesus, consciencializando-nos para aquilo que somos, e para que a relação com Jesus Cristo seja lúcida, profunda e entusiasmante, capaz de motivar o encontro com Ele e com os irmãos”, afirmou, convidando os fiéis a testemunhar e proclamar Jesus Cristo. “Um cristão, para ser consciente, tem de ser um proclamador da Boa-Nova de Jesus Cristo e, para viver intensamente o encontro com Ele, tem de O testemunhar perante os irmãos”, defendeu, acrescentando: “A experiência de Jesus Cristo vivo só é possível de se realizar na comunidade.”